se nós pintassemos uma cidade seria em cores terra


Se eu, a sara e a brigitte pintássemos uma cidade seria em tons terra.
bem, se pudéssemos pintar alguma coisa, nunca seria uma cidade.
escolhíamos casinhas pequeninas. talvez de madeira.
e se calhar, se pintássemos, já não pintávamos só de cores terra.

mas ainda estavam no meio das árvores. o chão cheio de flores. com alpendres onde se podia tomar o pequeno almoço ao sol. onde se ouvia musica de um radio qualquer. onde os cães corriam pelos campos. onde se viam bicicletas paradas junto aos muros. onde se podia ir a pé para a praia. onde havia bolo quente de maça e canela para o lanche. e chá.

certeza, certeza, era a cor da terra. nas nossas mãos. e nos nossos pés. de tanto dançarmos descalças.

1 comentário:

Briginha disse...

Não sei o que dizer depois desta descoberta incrível, onde andaste tu todo este tempo com tantas letras a balouçar dentro de ti, tantas letrinhas surpreendentes e talentosas tanto tempo à espera de sair e embasbacar-me assim (que saudades dos bilhetes, dos desenhos e poemas, dos cartões amarrotados, dos cadernos gastos nos bolsos, das cartas em envelopes de papel pardo, quem éramos nós cheias de vida e de sonhos?) mas que dizer excepto que estou engasgada perante essas letras que rasgam a minha noite sozinha e triste, que desenham sorrisos nos meus lábios cansados, que rebentam o choro e o espanto entre dois cigarros incrédulos. tu gostas de falar com letras e ainda bem. que dizer desta forma de chegares a mim e te mostrares assim, de me deixares entrar neste lugar onde te deitas e te espalhas devagar, inteira e plena, que dizer se eu falasse de mim seria apenas dor mas se falar de ti e de como gostas de falar com letras então é a alegria deste dia tão aparentemnte igual aos outros mas tão diferente, porque estás aqui deixaste-me entrar aqui, e eu de boca aberta a beber as tuas letras, de olhos bem abertos a sugá-las, de asas bem abertas a voar com elas, a empanturrar-me com elas porque tenho fome de letras e tenho fome de ti tenho fome de mim tenho fome da sarita tenho fome do nosso espaço a três em tons de terra quente, e se nós pintássemos uma cidade seria em cores terra sim senhor e não seria uma cidade porque seríamos isso tudo com a cidade por fora e a terra por dentro, o bolo de maçã e canela por dentro, todos os sonhos por dentro das nossas mãos sempre juntas, e (garanto-te) o mundo seria mais bonito se não tivessemos crescido e não tivessemos perdido os pincéis e as tintas pelo caminho, se a vida não nos tivesse voltado a separar, mas (garanto-te) cá dentro de nós temos tudo em tons de terra, três meninas com pés de terra a dançar descalças com os cães a ladrar em tons de terra nos nossos alpendres em tons de terra onde todos os dias, no silêncio do entardecer, entre as árvores as flores e as nossas casinhas de madeira, continuo a ouvir-te chegar.