serei feliz


se conseguires que, ao teu lado, a minha cabeça continue com todos os nós por atar, serei feliz.

demitida da alegria

o lugar que ocupas é de tal forma insignificante que é sempre posto á disposição.

o avião preso ao chão também mete medo.

da janela dos meus olhos vejo-te desorientada.
largada, depois de um avião que te rodopiava, segura, de mãos dadas ao teu pai.

não me quero ouvir. aquela voz de dentro.

hoje, quando for caminhar na praia, de mim, só quero ouvir o silêncio.
quando olhar para trás, não quero ver um só registo da minha passagem.

não. é verdade.

não é verdade que voltei aos meus quinze anos com tudo o que sei agora, menos as dores.
não é verdade que corro por entre os campos de milho que se transformam em montes verdes de praias selvagens com mares bravos de penhascos por onde correm rios de agua gelada coberta de uma neve branca que cega os olhos que vêm árvores verdes gigantes de uma floresta cerrada....
não é verdade que me solto da roupa que nunca tive e corro nua numa liberdade que me faz voar e caio sobre um corpo que não é o meu mas que me segura, me prende, me entra, me cega....
não é verdade.... mas eu sinto.
sinto o corpo acordado, atento... sinto umas mãos que me percorrem a alma... o coração... a pele...
eu sinto. não é verdade. mas eu sinto.
sinto beijos. beijos que me fazem esquecer o meu nome.
não é verdade que esta vida seja a minha vida. ou talvez seja.
não é verdade que isto que sinto seja mesmo meu. mas é.
apaixono-me todos os dias desde que acordo até que adormeço.
talvez me apaixone em momentos enquanto durmo em sorrisos que dou em segredo...
nada em mim se acalma, mesmo quando me acalmo ao lado dele. porque ao lado dele nada em mim é calmo.
não é verdade que escrevo isto, porque nada disto que escrevo é verdade. a única verdade é o que sinto. e o que sinto está na verdade de tudo o que lhe dou.